Já há algum tempo que não escrevia nada sobre a Sega Master System, pelo que decidi apresentar um jogo fora do comum. Este jogo, tal como muitos outros que a Tectoy lançou em exclusivo para o mercado Brasileiro, é um hack oficial de um outro jogo da Sega, desta vez um primitivo shooter chamado Astro Warrior. Algum leitor brasileiro que me corrija se eu estiver errado, a personagem Sapo Xulé faz parte de uma série de animação infantil brasileira e a Tectoy “desenvolveu” 3 jogos utilizando a personagem. A versão que trago cá é ligeiramente diferente, pois faz parte dos Portuguese Purple que já tenho vindo a referir noutros jogos, edições lançadas exclusivamente para o mercado português por intermédio da Ecofilmes, facilmente identificáveis pelas suas capas roxas. A minha cópia foi-me oferecida de presente de aniversário há muitos e muitos anos atrás, estando completa e em bom estado.
Segundo a caixa do jogo, a história consiste simplesmente no Sapo Xulé, equipado do seu poderoso submarino a tomar de assalto 3 diferentes centrais subaquáticas de processamento de lixo, que estavam a poluir drasticamente a sua lagoa, ameaçando toda a fauna e flora do sítio. E o jogo é isto, um shooter 2D vertical que substitui o fundo negro do espaço por um verde escuro, com as naves inimigas a serem substituídas pelos mais variados detritos, desde tesouras, botas rotas, fósforos e cotonetes, entre outros, cada qual com diferentes padrões de movimentação. O Astro Warrior original é um jogo já de 1986, e tal como vários outros da mesma época para a Sega Master System é um jogo sem fim, repetindo as 3 diferentes áreas com a dificuldade a aumentar progressivamente. Na altura em que era piqueno e não tinha muito mais com o que jogar, não cheguei a passar do 3º nível (sim, eu sou mau em shooters deste tipo), pelo que se alguém já teve a oportunidade de passar o 3º nível agradeço que indique se este jogo também entra num loop, ou termina.
Para além dos inimigos peculiares (nunca tinha visto um cotonete a disparar bolas amarelas – o que visto bem as coisas quase 20 anos depois, é um bocado nojento), existem também os habituais power-ups que dão outros tipos diferentes de disparo, bem como outros que nos colocam navinhas auxiliares ao nosso lado. Também como é habitual, temos um boss no final de cada nível. Embora o jogo esteja longe de ser um bullet hell que por vezes vemos por aí (e algum asiático a jogá-lo com uma mão atrás das costas), é daqueles que basta um hit para morrermos, pelo que exige alguma destreza do jogador e também uma boa memória para se lembrar dos padrões inimigos.
Graficamente não posso dizer que seja o melhor jogo de sempre da Master System, o fundo é horrível e poderia ter mais detalhe, bem como as centrais industriais também poderiam ter mais algum detalhe – algo que não mudou desde Astro Warrior. Por outro lado, os inimigos ficaram bem retratados e o que seria inicialmente um shooter genérico no espaço é agora um shooter genérico, mas com inimigos originais. As músicas também não são nada do outro mundo, mas ficaram-me gravadas na cabeça, tal como muitas outras da Master System em plenos anos 90.
Não é um jogo que recomende vivamente, a Master System não é uma plataforma de excelência neste tipo de shooters, embora tenha alguns bons como R-Type e Aleste/Power Strike. Ainda assim, este Sapo Xulé apresenta o seu valor como artigo de colecção, visto ser uma edição exclusiva para o mercado nacional.